6.7.10

A história do Capim Dourado


A história do capim dourado teve origem na comunidade de Mumbuca, descendentes de escravos vindos da Bahia após a abolição.
"Minha mãe aprendeu o artesanato com os índios", conta Guilhermina Ribeiro da Silva, a dona Miúda, de 77 anos, moradora de Mumbuca desde que nasceu, e hoje, a maior liderança da comunidade. Aos 14 anos, começou a praticar a técnica.

Naquela época, porém, o artesanato era destinado apenas ao uso doméstico. Das fibras do capim, costuradas com as do buriti, outra espécie típica da região, surgiam os chapéus que protegeriam os lavradores na roça. Além disso, ele era matéria-prima para fabricar cestas, bolsas e utensílios de cozinha.

A arte de trançar suas fibras estava circunscrita a dona Miúda e outras poucas artesãs, que trabalhavam também com a macaúba, a piaçava e o próprio buriti.
A partir do ano de 2000, os turistas começaram a chegar e os destinos do artesanato não mais se limitaram às cidades vizinhas, expandindo-se para as grandes capitais e até o exterior. O governo do estado do Tocantins passou a incentivar a produção e após uma consulta à comunidade de Mumbuca, foi realizada uma oficina de cinco dias para tornar as peças "compatíveis" com o mercado. Hoje, são confeccionados por volta de 50 produtos diferentes.
O que se sabe sobre a planta é que ela cresce em pouquíssimos lugares do país – além do Jalapão, é encontrada apenas no sudeste do Tocantins em áreas alagadiças, as veredas.
Os olhos experientes de dona Miúda são dos poucos que conseguem enxergar através do brilho do artesanato que conheceu há mais de meio século. Evocando as lembranças do tempo em que acompanhou o marido na busca por diamantes no Piauí, ela vê, na febre que mobiliza todo o Jalapão, sua história se repetir. "O capim-dourado é o garimpo que a gente faz aqui", diz.

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